sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sonhei

Sonhei. Os significados não são obscuros. A impossibilidade desaparece nos sonhos. Já são sorrisos e vozes que nem me lembro mais. Partem-me. Acho que ainda resta um pouquinho de mim. Dias separam um despertar angustiado de um confuso. Passam e resta uma lembrança, a lembrança de sorrisos e vozes que já nem me lembro mais. Amigo, meu porquinho será sempre meu porquinho. Amigo, meu porquinho desaparece na multidão. Procuro-o debaixo da geladeira, entre meus lençóis. Olho à volta, seus traços e marcas já não estão mais. O porquinho está aqui dentro, como também está por aí. Amigo, que porquinho atrevido. Amigo, sinto falta dos queridos. Amigo, sinto falta dos queridos atrevidos. Amigo, sinto falta dos pesados e são tantos. Somos pingüins, somos golfinhos. Somos coisas perdidas pelo caminho.


Um dia, aos lençóis, disse que ali não havia solidão. Talvez agora haja. Quarteirões, anos e sentimentos me abatem. Colchões esparramados são nostálgicos. O mundo parece girar mais rápido do que posso acompanhar e me atropela. Cansei. Cansei de correr quando quero caminhar. Não quero esse zumbido agudo de tudo ser uma bomba-relógio. Quero ouvir uma valsa. Quero dançar com sorrisos roubados a valsa dos encontrados. Maldito despertador, é hora de levantar. Acho que faz tempo que não sonho. Espero por algo impossível. Aquele incômodo zumbido volta a me irritar, mas não se valsa sozinho.